As origens, os efeitos e as consequências da Revolução Francesa
As origens da Revolução Francesa, estão no descontentamento da população, principalmente da população de Paris, nos fins do Século XVIII.
A 14 de Julho de 1789 a população de Paris, revolta-se contra o absolutismo e despotismo da Monarquia absoluta. A rebelião popular atinge o seu auge com a tomada da Bastilha.
Mas, se procurarmos ir mais longe, nas origens da Revolução Francesa, teremos que recuar no tempo, e ir analisar, a primeira grande Revolução dos tempos Modernos.
Essas origens, estarão certamente, na Revolução Americana, contra a grande potência colonizadora; a Inglaterra.
As ideias liberais e a luta da Revolução Americana, terminaram com a Independência dos Estados Unidos da América em 1776.
Perdendo assim a Inglaterra, a sua mais promissora Colónia da América do Norte.
A Carta Constitucional ou Constituição, dos Estados Unidos da América veio dar ”alma” e vida ao espírito revolucionário dos Franceses.
Da tomada da Bastilha, pela rebelião popular de Paris em 1789, contra a monarquia absoluta, até aos desmandos, excessos e arbítrios dos revolucionários, foi um “passo” para a Anarquia.
Aparecem sempre os salvadores das Revoluções.
Neste caso, o mais marcante foi: Napoleão Bonaparte. Um Oficial de Artilharia, em ascensão meteórica, que para travar uma manifestação popular em Paris, teve a “coragem” e o sangue frio, segundo o Conselho Revolucionário da altura, de esperar com a seus canhões armados, pela manifestação popular e disparar à queima-roupa sobre o Povo, a carnificina de Napoleão nesse dia, valeu-lhe a subida ao mais alto comando da Revolução e, ao temor, respeito e admiração de todos.
Estava “escolhido” o líder da Revolução Francesa. De Paris ao norte de Itália, ao Piemonte, à Áustria, à Alemanha, à Espanha e a Portugal, Napoleão venceu tudo e todos.
A 1ª Invasão Francesa a Portugal foi um sucesso para Napoleão, na pessoa do seu Comandante-em-Chefe o General Junot.
A entrada de Junot em Lisboa, foi saudada e louvada à entrada de Sacavém, a 27 de Novembro de 1807. Esperava-o uma grande Comissão de Honra, para lhe dar as boas vindas, constituída pela Maçonaria Francesa, pela Maçonaria Portuguesa, por altos membros do Clero e, pelos “menos” Nobres, que não conseguiram ter lugar na Esquadra Portuguesa, que nesse mesmo dia zarpou do Tejo, rumo ao Brasil, com o Príncipe Regente D. João, sua mãe a Rainha Dona Maria I, já em estado de loucura e, toda a Corte e a mais alta Nobreza.
Esta foi a estratégia de retirada, negociada e forçada pelos embaixadores Ingleses, com o Príncipe Regente, fundeados com a sua Esquadra de guerra, fora da barra do porto de Lisboa, em defesa do mesmo.
O General Junot, governou Lisboa em festa e em luxos sumptuosos. Os bailes sucediam-se constantemente, as recepções eram diárias. Instalado no Palácio dos Quintela, rico comerciante de Lisboa, governava por decreto.
Os comerciantes de tudo vendiam e enriqueciam, os pescadores satisfeitos, com o bom preço e bom pagamento dos franceses, manifestavam-se a favor do governo militar francês de Lisboa.
Os Ingleses no Brasil, eram os senhores do comércio. O embaixador Inglês no Rio de Janeiro, dava ordens de despacho comercial e alfandegário de privilégio, às mercadorias Inglesas. Era o início do pagamento da ajuda a Portugal, na luta contra o bloqueio continental, decretado por Napoleão, fechando todos os portos da Europa aos navios Ingleses.
As riquezas que não embarcaram para o Brasil com nobreza, estavam agora a saque das tropas francesas. O ano de 1808 iria ser penoso para o povo, já por si na miséria.
As tropas inglesas desembarcam em Portugal secretamente, dão luta aos franceses, com melhores armas, integram as tropas portuguesas no exército, coordenam as Milícias. Em poucas batalhas, os franceses retiram.
A 2ª Invasão pelo norte, comandada pelo General Soult, não teve capacidade para se instalar, graças à resistência popular e, obviamente à ajuda dos Ingleses com as milícias Portuguesas, agora mais empenhados em defender o seu bom acordo do Brasil, que muito melhorou para o seu lado, o antigo Tratado de Methuin.
A 3ª Invasão que agora se pretende relembrar, principalmente a sua retirada, aqui pela nossa Beira-Serra. Destacando certamente alguns pormenores, que outras intervenções irão relatar, como os oradores que me seguirão, de muito mais saber académico e de experiencia feito, como o Dr. João Pedro Portugal de São Martinho da Cortiça e o Dr. Francisco Antunes, distinto médico do vizinho concelho de Oliveira do Hospital, mas um verdadeiro conhecedor humanista da nossa região, em arqueologia, antropologia e sociologia, irá certamente ser um prazer ouvir o nosso amigo Dr. Francisco Antunes.
Limito-me apenas, a dar alguma cronologia da retirada, das tropas francesas da frente das Linhas de Torres:
Na noite de 5 para 6 de Março de 1811, Massena procura enganar o General Wellington, com algumas movimentações de tropas, para um ataque às Linhas de Torres.
Afinal, … já estava em retirada, e consegue um avanço considerável. Mas, a retirada de um exército com a logística pesada, ainda com mais de 40.000 homens, é porventura a manobra de guerra mais difícil, mais melindrosa e mais difícil de coordenar. Massena é um hábil Comandante, que apesar de cego de uma vista, teria como que um sexto sentido, para a guerra. Napoleão chamava-lhe o “querido da Vitória”.
Enfrenta a 12 de Março, na batalha da Redinha, devidamente entrincheirada nas encostas da serra, as tropas Luso-Inglesas. Perde apenas 150 homens, mas Wellington perde centenas, muito perto de 1.000 homens.
Em Miranda do Corvo a 14, havia um espesso nevoeiro, o seu ajudante de campo, o General Marbot, ia sendo apanhado á mão, pelos Dragões Ingleses, mas defendeu-se heroicamente e escapou à cilada.
Na Fonte Santa é o próprio Massena, que preparando-se para jantar ao ar livre, com o seu estado-maior, é atacado pelos Dragões Ingleses em golpe de mão, num ataque fulminante, mas a reacção rápida dos seus Granadeiros e Dragões da segurança próxima, livraram-no de ser apanhado. As culpas caíram sobre o seu general Ney, que descorou a segurança de defesa do estado-maior de Massena.
A 15 de Março, o exército francês, chega às margens do rio Ceira, frente a Foz de Arouce, onde se dá um combate desordenado mas com pronta reacção dos franceses.
A 16 à noite, a ponte na Mucela está reconstruída. Na madrugada de 17 começam a passar a ponte, São mais de 40.000 homens, milhares de cavalos, burros, mulas, bois, ovelhas, cabras, canhões, carros e carroças, com mantimentos munições, feridos e doentes.
A 17 e 18 há tropas por todo o lado, desde o Mucelão, S. Martinho da Cortiça, Sarzedo, Arganil, Secarias, Mouronho, Meda de Mouros, Oliveira do Hospital etc. Mas o grosso das tropas francesas, pernoitaram na noite de 18 para 19 na Serra da Moita.
Foi na madrugada de 19 de Março de 1811, que as tropas francesas partiram deste local, sobranceiro para toda esta região, de terras de Arganil e Tábua.
No mesmo dia, acampam aqui, as tropas do General Wellington. Aqui permanecem dois dias, à espera de mantimentos de Lisboa e de ordens do Parlamento Inglês.
Os serviços secretos Ingleses, já sabiam da intenção de Napoleão, invadir a Rússia.
A “ordem” para Wellington, era de perseguição em força, aos franceses.
Foi aqui na Serra da Moita, que começou o princípio do fim de Napoleão. A guerra Peninsular ainda se prolonga em Espanha por 1811 e 1812, onde Wellington combate heroicamente, com as tropas Luso-Inglesas, mas já não contra Massena, que tinha sido destituído de Comandante em chefe e, mandado regressar a Paris, onde esperou um mês para ser recebido por Napoleão.
A campanha da Rússia, comandada pelo próprio Napoleão, foi um desastre, partiram de Paris 620.000 homens, regressaram a Paris menos de 20.000.
O desastre da 3ª Invasão a Portugal, foi apenas o prelúdio do desastre de Moscovo.
Aqui, na Serra da Moita ficou para sempre o marco da história, do princípio do fim do Império de Napoleão, que sonhou à imagem dos Estados Unidos da América, com o seu Império dos Estados Unidos da Europa.
Da revolução francesa guerreira, ficaram páginas negras da história universal, só o ideal prevalece, sintetizado em três palavras: “ Liberdade – Igualdade – Fraternidade”.
Autor: Constantino Ferreira
Gostei imenso desta página, é bom que se faça lembrar a guerra e quantos por lá passaram, sem terem culpa, e quie hoje são esquecidos, o navio Niassa a encimar, também eu embarquei nele rumo a Moçambique no dia 20 de maio de 1970, natural de Miranda do Corvo, quando puder visitarei o vosso Museu, Um abraço.
ResponderEliminarOlá amigos!
ResponderEliminarFoi com agrado que visitei a página dos combatentes de Arganil, e, no que refere às invasões francesas, ao quais me dedico embora com toda a humildade. Verifico que no que diz sobre Arganil merecia mais alguma referência visto que foi uma das vilas massacrada.
Não custa nada consultar os registos dos mortos do mês de Fevereiro de 1811 na vila. Sabemos que se trata de um mês para o qual os estudos oficiais, dão sempre as tropas como estando ainda no vale de Santarém, acontece que uma coluna francesa comandada pelo general Gardanne por aqui passou nesse mês de Fevereiro e voltou com algum avanço sobre as outras tropas francesas, que retiravam comandas por Massena, em Março sem se encontrarem com as do general Gardanne. Combate na Foz de Arouce foi dia 14 de Março 1811. Esta coluna do Gardanne colhera os povos descuidados e foram massacrados entre eles o prior de Arganil.
Peço desculpa pelo atrevimento, mas não ficaria bem se não o fizesse queram desculpar.
Diamantino Gonçalves