Saudações agora para os vivos,
decorrida que foi a homenagem, aos que por lá deixaram a vida e neste dia
regressam ao nosso pensamento, como no dia em que todos partimos, na
expectativa de voltar.
Agradeço aos que se lembraram de
criar a Associação e sobretudo a missão a que se propuseram, homenagear,
aqueles de quem a pátria de hoje, omite ao reescrever a sua história.
A História, com letra grande de
uma Pátria também com letra grande, foi escrita de Cabo Verde a Timor, por essa
“malta” que no dia 31 ao ouvirmos os seus nomes
gritámos “PRESENTE”. São eles e
nós os Heróis dessa PÁTRIA e dessa HISTÓRIA. Heróis porque, lutaram sem meios e
condições, numa terra de outra gente, onde havia outra gente que reclamava da
pátria protecção. Daqui podia partir uma crónica longa e
polémica da qual me abstenho, não
por medo mas por respeito a quem atrás me tenho referido, o lixo ficará para
sempre enterrado no aterro sanitário da História. Lixo que começa após o
25.04.74 e a exemplar descolonização, que, deveria ter começado logo em 1961.
Termino esta introdução
aconselhando a leitura do livro “CAVALEIROS DO MAIOMBE”-
Memórias de Guerra, cuja acção
decorre no enclave de Cabinda e é da autoria do
CAPITÃO Miliciano, Dr. António
Inácio Correia Nogueira. Publicação esgotada, mas que se encontra em formato
Pdf, no Blogue “ Mitos e Ritos”.
Dia 31.05.2014, hora 06h00
Toque de alvorada cá no quartel,
formatura com farda civil nº1, pequeno-almoço e constituição da Patrulha, eu e
o meu neto Duarte Miguel, miúdo já com estaleca, para a Policia Militar que
orgulha o nosso furriel Alves avô de um rapagão com 13 anos e 1,85m de altura.
Envergadura física, razoável, alimentada cá no refeitório.
07h00
Partida para a estação da CP, de
Vila Franca de Xira, com bilhete já adquirido para Coimbra B. e depois
“Grafarganil”.
1- Arganil é já ali a seguir á curva!!! onde é que eu já ouvi isto?
08h52
O Intercidades veio a tabela, e lá nos levou, numa viagem de
certo modo, agradável.
Poucas paragens, bem acomodados, viagem curta de uma hora e
quarenta minutos,
que nos fez lembrar as viagens de Campanhã para a Régua a
noite toda.
2-Um bonito dia de sol, a natureza a emprestar a sua beleza,
a um dia dedicado a saudade, companheirismo, partilha a homens de carácter.
O ambiente é de discoteca, m Jan. 73 Viajámos já de avião, mas deixava-mos
a caserna do Grafanil e os percevejos residentes.
Deu até para dormitando exibir no monitor do subconsciente,
o vídeo das recordações, que alguns chamam de “Stress Pós qualquer
coisa”, Os “Mama Sume” com a sua boina outrora colocada na cabeça, com honra e
merecido orgulho, “pelo suor derramado na Instrução”, todos deveríamos ter tido a
mesma ou equivalente
preparação, para o combate. Teria havido menos “carne para
canhão”, foi a narrativa do Zé da Fisga, qual D.Quixote de la Mancha, lutando contra
os moinhos de vento, bem equipados e melhor armados. A estes camaradas, lembro:
os dois “Comandos” mortos na refrega com a Policia
Militar da Estrada de Catete em Luanda, Fevereiro de 1972, (Porquê? em nome de quê, um
exagero um desperdício que ainda está por
exorcizar, uma granada que ceifou
duas vidas e estilhaços que o Cabo Letra da PM carregou a vida toda numa perna,
já partiu, os “bichinhos” deixaram lá o maldito estilhaço) noticia censurada na
época cá “nos” Puto. Hoje, como naquele tempo das Noites Quentes e Balsâmicas do
Maiombe, no Rádio Clube de Cabinda, quando não consigo dormir, lembro-me destas
coisas e outras este é o meu Stress.
O DESPERDÍCIO DE TANTA VIDA ,e,
os culpados não são os Deuses do Maiombe tão pouco os descendentes do Reino de
Prestes João ou dos Reis dos Congos. Proponho que esses dois e todos os outros que ingloriamente partyira, no asfalto ou na picada, sejam englobados no próximo ano, no nosso grito de PRESENTE.
Folheei o imaginário, dos Cavaleiros do Maiombe, floresta Mítica e Rica, do Enclave de Cabinda, hoje responsável por 90% do PIB da R.P.Angola. Cabinda é hoje uma região pouco desenvolvida tendo em conta a sua riqueza e carácter do seu POVO. Um líder africano disse um dia “ Sou africano não por ter nascido em África, mas, porque África nasceu dentro de mim” assim da mesma forma somos todos um pouco africanos. Esse bocadinho que nasceu em nós, ninguém vai pôr em duvida nem mesmo os de lá, saudade não é um sentimento espúrio. África é minha, do meu imaginário, de tudo o que o coração sente, mas não sabe explicar.
Desliguei o monitor abruptamente, tinha passado o Mondego e não dei por isso. A tabela cumpriu-se e eis-me em Coimbra.
Ligava o telemóvel, já o claxon do automóvel chamava por mim. O malandro do Albano nestes 40 anos não perdeu a pinta, a minha e, eu a dele. Foi aquele abraço. Quarenta minutos depois já estávamos a porta da Associação. A partir daqui o relógio deixou de contar. Vou pôr as fotografias a falar, este calor está mais para dormir a sesta, como fazia no intervalo da guerra para o almoço, os condutores, tinham que assinar os boletins das viaturas antes de eu ir dormir a sesta, era a regra, quando estava de sargento dia.
3-Primeiro ato oficial, pagar o almoço e reservar mesa.
4-Começou a cavaqueira. Bastos aqui com cara de PM,
foi o n/Cabo cozinheiro. Ao lado a madrinha de guerra
5-A visita ás instalações e ao Museu
6-Os dois Duartes o Albano e o meu neto.
7- O rapaz não estava a espera de tantas histórias e admirado só me
perguntava se era verdade como que a duvidar " mas ó avô vocês fizeram isso?"
Ele só conhece as histórias da Banda Desenhada.
8-Tá na hora de formar pessoal!
9-Pessoal da PM certinho e alinhado com a objectiva claro.
10 - Lida a Ordem de Serviço, todos ás suas viaturas em bicha pirilau.
Lá fomos direitos ao Monumento aos Combatentes da Guerra Colonial.
Antes das fotos a seguir registo o apreço pela presença do Sr. Presidente da Câmara de Arganil, que nos agradou e honrou. È um gesto bonito toda a colaboração que a Edilidade, tem prestado á Associação. As palavras de circunstância, ficam nos discursos, estas vêm do fundo do coração.
11-A natureza que circunda o monumento leva-nos para outros lugares, para além do Equador.
DIGNO, SIGNIFICATIVO, SÓBRIO. O Canhão hoje silenciado, representa o
seu melhor papel, para o qual foi construído. O SILÊNCIO.
12-A Cerimónia
13 - Na hora da chamada, falou a emoção. As memórias não perecem
14 - PRESENTE camaradas.
É no lugar que se segue, decorreu o almoço, a hora é para comer, beber, conviver, contar histórias como se estivéssemos nos nossos 21 anitos. Acabou por agora a conversa
ALVES, Furriel Miliciano, Policia Militar
Escola Prática de Cavalaria 1º turno 1970 recruta e especialidade
Centro de Operações Especiais Lamego, Julho de 70, Lanceiros 2 até Janeiro de 1971
Cabinda jan.71 a Fev. 72 Luanda, Quartel-General das Forças Armadas. Até 30 Jan. de 1973
15- Janeiro de 1971 Aqui chegámos em vagons de comboio de mercadorias,
como " Judeus", ao Campo Militar do Grafanil em Luanda. Decorridos 24 meses
depois já estávamos no estado que a fotografia mostra, Lá nos mandaram outra
vez para o Grafanil. De onde nos livrámos no dia 30 Jan. 73.
O Araújo a fazer de sargento dia.
Tudo o que escrevo atrás, pode ter um interregno até ao próximo convívio em Arganil e continuar a partir daí, no meio, este preambulo dedicado aqueles tempos, de espetar uma lança em África, plantar uma árvore e escrever um livro. Essa mulher preenche alguns capítulos desse livro ainda por começar, ELA FOI A ÁRVORE QUE EU PLANTEI, PORQUE COM ELA ME TORNEI HOMEM.
16 - Chama-se Teresa N'Nzambi, aqui com 17 anos.
NOTA a criança já existia antes de eu aparecer na vida dela
Texto enviado pelo companheiro: Joaquim Manuel Alves