Para além da sua característica de Humanidade, a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil continua a manter a sua chama de Solidariedade. Essa chama que continua a prevalecer no coração e cada um, recordando os meses, as horas e até os minutos que cada um viveu nos teatros de guerra ultramarinas, quer fosse em Angola, desde 1961, quer depois na Guiné e em Moçambique. São momentos que jamais esquecerão, pois todos esses momentos foram vividos dentro de uma vivência humana, que jamais serão esquecidos pela vida fora.
Ainda agora no dia 10 de Junho ficou bem patente o quanto esse fino e ar solidário marcado, tendo como pano de fundo a incorporação de Combatentes do Ultramar no desfile das Forças Armadas, gesto que engrandece sobremaneira e honra aqueles que, nos sertões africanos, honrando a defesa da sua Pátria, por um dever que lhe foi imposto, souberam honrar e dignificar a Bandeira e o Hino Nacionais. Quantos de nós, Combatentes, ao ouvir hoje o Hino Nacional, em qualquer manifestação nacional, não deixa de verter uma lágrima de sentimento, porque ele marca o momento de cada vez que morria um camarada em combate, quando o corpo (quando era) descia à tumba, todos os seus companheiros, em som firme e forte, a todos os pulmões, cantavam “A Portuguesa”, um sinal de grande patriotismo e companheirismo, longe da sua terra, das suas famílias.
Ainda bem que na hora que passa, o sinónimo Combatente está a ser reconhecido e a ter alguma atenção por parte das entidades oficiais, dada a força que as Associações e Federações, entretanto formadas, têm proporcionado, ao longo de anos, a fim de que os Combatentes sejam vistos como Portugueses, não de uma classe de segunda ou terceira, mas de primeira.
Quem lá andou sabe bem o sacrifício que passou, ao longo de dois ou mais anos. Dentro da guerra, não só houve os mortos e estropiados, mas também a fome e a sede que por todos era vivida em tempo de operações e emboscadas. E por via destas, há ainda a registar hoje, passados mais de 40 anos, os que ficaram traumatizados de toda essas vicissitudes, próprias de uma guerra que não queriam, mas que ao fim e ao cabo ali estava o soldado português a defender o seu solo pátrio, tal como fez na I Grande Guerra Mundial, que na Flandres (França), a Bandeira Portuguesa ficou bastante honrada pela luta e pela nobreza de resistência das tropas portuguesas frente aos alemães.
Hoje, graças a Deus, há uma voz que começa a clarear, vinda da parte de um grande senhor da política, que se chama António Barreto, que em tempos foi Ministro da Agricultura. Como responsável primeiro das Comemorações do Dia de Portugal/2010, soube introduzir modificações, e com elas, o grito de que as Associações de Combatentes devem ser consideradas de Utilidade Pública, no sentido de estas darem apoio aos seus camaradas que ainda hoje sofrem do trauma de guerra. Além do mais, considerando que o país deve respeito aos que fizeram a guerra, por isso, há que, oficialmente, merecem estar presentes nas cerimónias públicas e oficiais, mas essencialmente merecem que seja criado oficialmente o “Dia do Combatente”. Dentro do mesmo diapasão a opinião do Presidente da República é também soberana neste aspecto.
Pois bem, dentro desta problemática solidária, encontra-se a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil. Passando por Núcleo, depois formada em Associação através de acção jurídica, onde os estatutos fazem parte integrante dos seus princípios e fins, com vista a apoiar os que dela se abeirem, passou a ter um papel fundamental de apoio. Após a restauração e inauguração da sua sede, no Bairro do Prazo, integrada num pequeno e emblemático monumento concelhio, quiçá nacional, que se chama “Casa do Cantoneiro”, a Associação, depois de passadas algumas barreiras burocráticas, tem no seu horizonte apoiar os camaradas ou famílias de Combatentes que de algum modo tenham a ver com o stress de guerra.
Neste prisma, e no sentido de manter vivo o ar solidário por que foi criada, a Associação, ao longo dos anos, tem realizado convívios, não só para fortalecer e manter a chama de convivência de cada um, mas também para angariar fundos com vista a tornar a sede um espaço onde todos possam viver e recordar os seus tempos de verdes anos, em plena flor da idade.
Este ano, depois de realizar os “Bailes de Carnaval e Primavera”, com jantar e animação, a Associação esteve representada a grande nível nas comemorações do 10 de Junho, em Lisboa.
No dia 8 de Agosto viverá uma grande jornada de patriotismo, com a inauguração na sua sede de facetas que recordam a guerra passada, com a indispensável e nunca esquecida homenagem aos mortos do concelho, cujos nomes se encontram inscritos no monumento sedeado no Bairro do Sobreiral, depois da Rua dos Combatentes, tendo como confluentes a Rua Professora Beatriz Moreira e Rua Cidade da Beira. Será mais uma jornada de convívio, onde os sócios e Combatentes em geral, mesmo os que actualmente estejam presentes em teatros de guerra, ajudando a manter a paz, terão presente o seu lugar solidário, culminada com almoço de convívio no Restaurante Mont’Alto, pelas 13 horas.
Falando ainda de realizações, a Associação vai manter a sua presença na Festa de Nossa Senhora do Mont’Alto (15 de Agosto) e Ficabeira-Feira do Mont’Alto, para além de ter em agenda o Passeio ao Douro, entre Régua e Barca d’Alva (26 de Setembro; e depois, em 31 de Outubro, magusto na sede e 31 de Dezembro, Passagem de Ano, com jantar e animação.
Este escrito, têm a assinatura do membro dos corpos sociais, José Travassos de