Na inauguração do monumento concelhio de homenagem aos Combatentes do Ultramar de Pampilhosa da Serra, ouvimos o apelo para que as Associações passem a ser Núcleos da Liga dos Combatentes. Ouvimos o mesmo discurso em Sernancelhe perante o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas. A resposta educadamente, para quem as convidou para aquelas cerimónias, e por respeito aos homenageados, não foi dada. Há 4 meses, numa reunião no Ministério da Defesa, as Associações presentes foram confrontadas com a mesma ideia. Só que aí puderam exprimir a sua opinião.
Será legítimo este apelo nestas cerimónias, alongando por um extenso panegírico das realizações da LIGA?
Estou habituado, por quase 40 anos de profissão, a falar e a ouvir, a ter de ouvir quando a outra parte fala, e que esta me ouça quando da minha vez. Obrigatoriamente! Sob pena da decisão ser nula.
A unidade constrói-se: ouvindo sempre, olhando o outro como igual, discutindo os assuntos e agregando esforços para obter consensos, ou quando eles não forem possíveis, prevalecendo o vodo da maioria.
A unicidade tem subjacente a ideia de uma organização única, que se basta a si própria e aos seus e por vezes se quer impor aos outros.
Para quem tem memória e é capaz de discutir ideias sem discutir pessoas, esta foi uma questão essencial da democracia portuguesa nas organizações representativas dos trabalhadores.
Há hoje entre combatentes quem confunda unicidade com unidade, e o faz conscientemente. Mas por quê?
As Associações não são donas dos Combatentes. As Associações não podem nem devem andar a arrebanhar ou sobrepor-se umas às outras. (Há exemplo triste deste procedimento e até no estrangeiro. Nunca publicamente o denunciei, pois entendi que os aderentes o fizeram por decisão deles, bem ou mal informados, ou sem ouvir quem deviam).
Haja a coragem de discutir os assuntos.
No lugar próprio. Com serenidade.
E aprendendo sempre com o passado… para não nos queixarmos dos mesmos erros no futuro.
P’la Direcção da ANCU, - António Ferraz.
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