quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Em Dia de Todos-os-Santos Combatentes em seis frentes: de paz e de memória


A Associação de Combatentes do Concelho de Arganil desde que se formou, as suas direcções não têm deixado passar despercebida a visita a locais que marcam a memória de militares que tombaram em defesa da Pátria, no então Ultramar Português, bem como aos que entretanto faleceram, estes que jazem nos cemitérios de Côja e Vila Cova do Alva, aqueles lembrados através dos memoriais que existem em Arganil, Abrunheira (S. Martinho da Cortiça) e em Pomares.
Após uma secção da Associação se ter deslocado ao Memorial do Sobreiral, onde depositou uma palma de flores, e nos demais se ter feito o mesmo gesto, com a leitura dos nomes nele inseridos e gritado «Presente!», na Abrunheira esteve presente a Junta de Freguesia, através dos seus presidente e secretário, respectivamente Rui Franco e Manuel Fidalgo, em Côja e Vila Cova do Alva, depuseram-se flores em campas de três militares entretanto falecidos.


Em Pomares, junto ao memorial, no Miradouro de Santa Luzia, esperava a «secção militar» arganilense o presidente da Junta de Freguesia, Armando Nascimento e muito povo, entre o qual alguns familiares dos que foram lembrados.
E após algumas palavras quer na primeira visita, quer na segunda, houve palavras de circunstância, pondo em relevo o gesto que a Associação mantem viva, em não deixar esquecer este simbolismo de grande importância, sobretudo em termos humanos e de história, pois o papel do Combatente Português é será sempre uma marca que vingará através dos tempos, o que, aliás, já vem dos tempos dos Descobrimentos.

Valado esperava-nos. Núcleo populacional da União de Freguesias de Cerdeira e Moura da Serra, iria acontecer novo acto, mas de uma forma particular, com a  deposição de um ramo de flores na placa toponímica que dá o nome do 1.º Cabo Telegrafista José Henriques Pedro, ao principal Largo da aldeia, situado logo à sua entrada, falecido em Moçambique, no dia 25 de Maio de 1967, estando sepultado no cemitério de Mueda.
Como sendo a primeira vez que este militar valadense era lembrado de forma mais ampla, teve a presença de muitas pessoas, a maior parte vinda para passar o Dia de Todos-os-Santos e manter a tradição com o habitual magusto e almoço de convívio, e que assim aproveitaram para prestar sentida homenagem ao seu conterrâneo, incluindo familiares, particularmente sobrinhos, filhos da irmã Dorinda, falecida recentemente.
Perante a placa, o presidente da Associação, António José Travassos de Vasconcelos, que teceu algumas palavras sobre o momento, também o tenente-miliciano Manuel Silva, soube discernir bem o que foi e o que é presentemente o Combatente na sociedade portuguesa, com palavras bem claras e justas quanto à sua condição de também ele ter sido combatente em terras de Moçambique, onde as palavras amizade e fraternidade foram sempre as que mais pronunciou enquanto comandante, e cuja ligação, entre todos, jamais poderá ser desmembrada, pois nem a morte «nos poderá separar», enquanto viventes.
Também o sobrinho do José Pedro, Vítor Pedro Nunes, juiz em Setúbal, com a esposa e  filho, sua irmã, sobrinhos e cunhado, teceu algumas considerações sobre o nobre acto que estava a desenrolar-se, agradecendo viva e emocionalmente a forma como quiseram relevar a  memória de seu tio.
José Carlos Ventura, fundador do Núcleo, mas que viria a formar-se em Associação de Combatentes do Concelho de Arganil, falou sobre as diligências efectuadas para que este momento acontecesse, e que por isso se sentia feliz por verificar que tal acontecera.
Com a presença do capitão-médico Armando Dinis Cosme, coronel Arménio Vitória e sargento-chefe António Santos, aconteceu depois o almoço de convívio, onde Albino Gomes, que muito tem feito pela sua terra e mantém casa, ali mimoseou os presentes com um matabicho.
No convívio que se seguiu, precisamente no Salão Albino Gomes, com a fotografia de José Lourenço em evidência, aquele valadense, que reparte o seu coração entre Valado e Sarzedo, teceu algumas palavras sentidas, relevando a Família Pedro, como uma grande família, recordando com muita saudade e emoção o seu «Zézito», bem como sua irmã Dorinda.
António Santos, como presidente da Liga de Melhoramentos do Valado, soube reconhecer o simbolismo do gesto, reconhecendo que é através destes convívios que se fortalecem amizades e aquele momento ficaria para a história do Valado e para as suas gentes, gentes que encheram por completo o referido salão.
Palavras também foram ouvidas da parte do presidente da União de Freguesias, Adelino Almeida, que na nova tarefa que tem pela frente, que é administrar as duas freguesias, tem sentido o maior apoio. Pediu entreajuda e nesse sentido salientou que tudo irá fazer para fazer jus ao lugar que exerce, fazendo-o para não desmerecer a confiança que depositaram na sua pessoa, bem com no anterior presidente, Arménio Costa, também ali presente.
Uma palavra de gratidão aos e às que confeccionaram e serviram um almoço, um grande banquete, assim o podemos classificar, que mais fizeram sentir que de facto estas gentes serranas são amistosas e fazem amigos facilmente.
Uma jornada de gratidão e de memória que não será esquecida tão depressa.
Fica a nota de que a Associação, na voz dos seus membros presentes, tudo farão no sentido de se poder trasladar os restos mortais do José Pedro para o cemitério da sua freguesia.

JOSÉ VASCONCELOS 

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