A Associação de Combatentes do Concelho de Arganil desde que
se formou, as suas direcções não têm deixado passar despercebida a visita a
locais que marcam a memória de militares que tombaram em defesa da Pátria, no
então Ultramar Português, bem como aos que entretanto faleceram, estes que
jazem nos cemitérios de Côja e Vila Cova do Alva, aqueles lembrados através dos
memoriais que existem em Arganil, Abrunheira (S. Martinho da Cortiça) e em
Pomares.
Após uma secção da Associação se ter deslocado ao Memorial do
Sobreiral, onde depositou uma palma de flores, e nos demais se ter feito o
mesmo gesto, com a leitura dos nomes nele inseridos e gritado «Presente!», na
Abrunheira esteve presente a Junta de Freguesia, através dos seus presidente e
secretário, respectivamente Rui Franco e Manuel Fidalgo, em Côja e Vila Cova do
Alva, depuseram-se flores em campas de três militares entretanto falecidos.
Em Pomares, junto ao memorial, no Miradouro de Santa Luzia,
esperava a «secção militar» arganilense o presidente da Junta de Freguesia,
Armando Nascimento e muito povo, entre o qual alguns familiares dos que foram
lembrados.
E após algumas palavras quer na primeira visita, quer na
segunda, houve palavras de circunstância, pondo em relevo o gesto que a
Associação mantem viva, em não deixar esquecer este simbolismo de grande
importância, sobretudo em termos humanos e de história, pois o papel do
Combatente Português é será sempre uma marca que vingará através dos tempos, o
que, aliás, já vem dos tempos dos Descobrimentos.
Valado esperava-nos. Núcleo populacional da União de
Freguesias de Cerdeira e Moura da Serra, iria acontecer novo acto, mas de uma
forma particular, com a deposição de um
ramo de flores na placa toponímica que dá o nome do 1.º Cabo Telegrafista José
Henriques Pedro, ao principal Largo da aldeia, situado logo à sua entrada, falecido
em Moçambique, no dia 25 de Maio de 1967, estando sepultado no cemitério de
Mueda.
Como sendo a primeira vez que este militar valadense era
lembrado de forma mais ampla, teve a presença de muitas pessoas, a maior parte
vinda para passar o Dia de Todos-os-Santos e manter a tradição com o habitual
magusto e almoço de convívio, e que assim aproveitaram para prestar sentida
homenagem ao seu conterrâneo, incluindo familiares, particularmente sobrinhos,
filhos da irmã Dorinda, falecida recentemente.
Perante a placa, o presidente da Associação, António José
Travassos de Vasconcelos, que teceu algumas palavras sobre o momento, também o
tenente-miliciano Manuel Silva, soube discernir bem o que foi e o que é
presentemente o Combatente na sociedade portuguesa, com palavras bem claras e
justas quanto à sua condição de também ele ter sido combatente em terras de
Moçambique, onde as palavras amizade e fraternidade foram sempre as que mais
pronunciou enquanto comandante, e cuja ligação, entre todos, jamais poderá ser
desmembrada, pois nem a morte «nos poderá separar», enquanto viventes.
Também o sobrinho do José Pedro, Vítor Pedro Nunes, juiz em
Setúbal, com a esposa e filho, sua irmã,
sobrinhos e cunhado, teceu algumas considerações sobre o nobre acto que estava
a desenrolar-se, agradecendo viva e emocionalmente a forma como quiseram
relevar a memória de seu tio.
José Carlos Ventura, fundador do Núcleo, mas que viria a
formar-se em Associação de Combatentes do Concelho de Arganil, falou sobre as
diligências efectuadas para que este momento acontecesse, e que por isso se
sentia feliz por verificar que tal acontecera.
Com a presença do capitão-médico Armando Dinis Cosme, coronel
Arménio Vitória e sargento-chefe António Santos, aconteceu depois o almoço de
convívio, onde Albino Gomes, que muito tem feito pela sua terra e mantém casa,
ali mimoseou os presentes com um matabicho.
No convívio que se seguiu, precisamente no Salão Albino
Gomes, com a fotografia de José Lourenço em evidência, aquele valadense, que
reparte o seu coração entre Valado e Sarzedo, teceu algumas palavras sentidas,
relevando a Família Pedro, como uma grande família, recordando com muita
saudade e emoção o seu «Zézito», bem como sua irmã Dorinda.
António Santos, como presidente da Liga de Melhoramentos do
Valado, soube reconhecer o simbolismo do gesto, reconhecendo que é através
destes convívios que se fortalecem amizades e aquele momento ficaria para a
história do Valado e para as suas gentes, gentes que encheram por completo o
referido salão.
Palavras também foram ouvidas da parte do presidente da União
de Freguesias, Adelino Almeida, que na nova tarefa que tem pela frente, que é
administrar as duas freguesias, tem sentido o maior apoio. Pediu entreajuda e
nesse sentido salientou que tudo irá fazer para fazer jus ao lugar que exerce,
fazendo-o para não desmerecer a confiança que depositaram na sua pessoa, bem
com no anterior presidente, Arménio Costa, também ali presente.
Uma palavra de gratidão aos e às que confeccionaram e
serviram um almoço, um grande banquete, assim o podemos classificar, que mais
fizeram sentir que de facto estas gentes serranas são amistosas e fazem amigos
facilmente.
Uma jornada de gratidão e de memória que não será esquecida
tão depressa.
Fica a nota de que a Associação, na voz dos seus membros
presentes, tudo farão no sentido de se poder trasladar os restos mortais do
José Pedro para o cemitério da sua freguesia.
JOSÉ VASCONCELOS
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