quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Marinheiros «aportaram» em Arganil após 12 anos


Domingo, 22 Setembro de 2013, é mais um dia que fica marcado na história de Arganil, pois mais de meia centena de marinheiros (de «Escolas» na gíria da Marinha), vieram a Arganil para conviver com os seus camaradas do concelho e não só e, ao mesmo tempo, participar no aniversário do Núcleo de Marinheiros de Arganil e recordar fundadores já falecidos e outros camaradas que entretanto faleceram.
Isto aconteceu na visita que todos fizeram ao Monumento dos Combatentes. Ali foram recordados Fernando da Costa Vasconcelos «O Marinheiro», João Alberto Fernandes César, 1.º tenente Fernando Gomes Loureiro, António Vaz, José Agostinho Vaz Vicente, Casimiro Calinas e José Manuel Quaresma Marques. As esposas de José Agostinho e Fernando Loureiro, respectivamente Virgínia Marques Santos e Maria Isabel Castanheira Antunes Loureiro, depuseram um ramo de flores no pedestal do monumento, enquanto José Gomes, um dos responsáveis pelo Núcleo de Marinheiros de Arganil, deixou palavras sentidas em relação aos seus camaradas falecidos e pediu que ficasse registado um momento de silêncio, enquanto eram proclamados os seus nomes em uníssono.
Os marinheiros eram em número de cerca de 50, mas com familiares e amigos não passaram as 100 presenças, foram recebidos na sede da sede da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil (antiga Casa do Cantoneiro), onde também funciona o Núcleo de Marinheiros, com um espaço constituído em museu, que merece ser visto e apreciado, tal como fizeram os visitantes, que ficaram maravilhados com o que presenciaram e admiraram.
Alguns, vindos de Almeirim, um pouco abalados pelo jejum extemporâneo, não se fizeram rogados e soube-lhes bem o petisco que os esperava, e que proporcionou a todos os restantes melhores condições físicas para ouvir as palavras proferidas pelo presidente da Associação, António José Travassos de Vasconcelos, nas quais reflectiu não só o orgulho da instituição ter sob a sua cobertura tão numeroso grupo de marinheiros, alguns dos quais fazendo também parte dos corpos sociais da instituição, mas também pela valorização cultural que o Núcleo empresta ao espaço, com o material histórico que nele se encontra exposto. Felicitou todos os presentes e deixou saudação forte: de que venham sempre a Arganil, porque os arganilenses são hospitaleiros e sabem receber bem.


Abílio Cardoso, em representação dos Combatentes de Góis, que andou em missão na Guiné, emocionado, deixou reconhecimentos aos homens da Marinha, pela forma como esta força sempre tratou o Exército, muitas vezes em situações de bastante perigo, e fez entrega de uma medalha da sua Companhia para que conste no Museu da Associação.
José Rodrigues Gomes, a alma viva do Núcleo de Marinheiros, que com José Guerreiro, Mário Afonso Gomes, Rui Mota e outros, fizeram e fazem com que o grupo continue coeso, depois de ter passado já os seus 36 anos de vida, lamentou que só passados 12 anos é que novamente Arganil foi escolhida para mais este convívio, agregando motivos por que tal aconteceu, um deles a falta de saúde. Citou os fundadores falecidos, Fernando Vasconcelos e Fernando Loureiro, pois o seu exemplo serviu para impor forças para se chegar até aqui. E em relação aos Núcleos presentes, deixou a nota de que, com eles, «existirá sempre um elo grande e forte entre todos». José Gomes não esqueceu a colaboração dada pela Câmara Municipal de Arganil e assim este encontro fosse mais um êxito.
Após a visita à Cerâmica, cujo edifício, exterior e interiormente, foi muito apreciado, como também foi apreciada a exposição «Por quê», de autoria do médico arganilense Dr. José Augusto Coimbra, a comitiva seguiu em direcção ao monumento, vivendo-se ali, como atrás referimos, momentos grandes de saudade e de reflexão.
Concluídas estas duas visitas, os combatentes, os da Marinha e do Exército (também os havia), dirigiram-se ao Parque de Campismo, onde o Restaurante «Manjar dos Leitões», de Arganil, soube mais uma vez primar na confecção, na fartura e no bem-servir.

A registar três notas
«O MARINHEIRO» NÃO FOI ESQUECIDO – Nas palavras que António Fonseca, de Salgueiral de Coja, proferiu em homenagem ao «Marinheiro», referiu que foi por causa dele que foi para a Marinha, dadas as palavras que o Fernando Vasconcelos lhe incutiu quando visitou sua mãe, no Salgueiral, ao acabar de regressar da Índia. As suas palavras foram de tal forma fortes, que dele fizerem o homem que é hoje. Com 16 anos abalou para Lisboa e foi com grande orgulho quando recebeu a ordem para se apresentar na Marinha e depois quando se apresentou, fardado, perante o saudoso Marinheiro.

HÁ 50 ANOS TINHAM ENTRADO PARA A MARINHA – São dois arganilenses. Ambos entraram, há 50 anos, para a Armada, para integrar a força especial de Fuzileiros. Fizeram várias missões no Ultramar. Agora reformados, os Franciscos Vilhena Nogueira e Matias Alves, encontraram-se neste convívio, pois há muitos anos que não se encontravam. Por que no domingo faziam 50 anos que tinham entrado para a Marinha, o Núcleo de Marinheiros fez questão em lhes oferecer um bolo e ser saboreado por todos, com champanhe.

O COMANDANTE QUE SABE ESTAR… – O comandante da GNR, 1.º sargento , geralmente está presente nestes convívios em que a farda foi a principal protagonista. A sua maneira de ser, educada, simples, própria de um autêntico GNR, que sabe falar, que sabe estar e conviver, pois é este o sentido do emblema da corporação, «Pela Lei e pela Grei», estar com o povo e não apenas passar coimas. E neste convívio o comandante lá esteve, levando consigo a esposa e filhitas.
Como alguém reconheceu, é assim que deve ser um soldado da GNR, dado com o povo e não sentir como exagerada, por vezes, a farda que enverga.

ZÉ De VASCONCELOS




Sem comentários:

Enviar um comentário