Domingo, 22 Setembro de 2013, é mais um dia que fica marcado
na história de Arganil, pois mais de meia centena de marinheiros (de «Escolas»
na gíria da Marinha), vieram a Arganil para conviver com os seus camaradas do
concelho e não só e, ao mesmo tempo, participar no aniversário do Núcleo de
Marinheiros de Arganil e recordar fundadores já falecidos e outros camaradas
que entretanto faleceram.
Isto aconteceu na visita que todos fizeram ao Monumento dos
Combatentes. Ali foram recordados Fernando da Costa Vasconcelos «O Marinheiro»,
João Alberto Fernandes César, 1.º tenente Fernando Gomes Loureiro, António Vaz,
José Agostinho Vaz Vicente, Casimiro Calinas e José Manuel Quaresma Marques. As
esposas de José Agostinho e Fernando Loureiro, respectivamente Virgínia Marques
Santos e Maria Isabel Castanheira Antunes Loureiro, depuseram um ramo de flores
no pedestal do monumento, enquanto José Gomes, um dos responsáveis pelo Núcleo
de Marinheiros de Arganil, deixou palavras sentidas em relação aos seus
camaradas falecidos e pediu que ficasse registado um momento de silêncio,
enquanto eram proclamados os seus nomes em uníssono.
Os marinheiros eram em número de cerca de 50, mas com
familiares e amigos não passaram as 100 presenças, foram recebidos na sede da
sede da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil (antiga Casa do
Cantoneiro), onde também funciona o Núcleo de Marinheiros, com um espaço
constituído em museu, que merece ser visto e apreciado, tal como fizeram os
visitantes, que ficaram maravilhados com o que presenciaram e admiraram.
Alguns, vindos de Almeirim, um pouco abalados pelo jejum
extemporâneo, não se fizeram rogados e soube-lhes bem o petisco que os
esperava, e que proporcionou a todos os restantes melhores condições físicas
para ouvir as palavras proferidas pelo presidente da Associação, António José
Travassos de Vasconcelos, nas quais reflectiu não só o orgulho da instituição
ter sob a sua cobertura tão numeroso grupo de marinheiros, alguns dos quais
fazendo também parte dos corpos sociais da instituição, mas também pela
valorização cultural que o Núcleo empresta ao espaço, com o material histórico
que nele se encontra exposto. Felicitou todos os presentes e deixou saudação
forte: de que venham sempre a Arganil, porque os arganilenses são hospitaleiros
e sabem receber bem.
Abílio Cardoso, em representação dos Combatentes de Góis, que
andou em missão na Guiné, emocionado, deixou reconhecimentos aos homens da
Marinha, pela forma como esta força sempre tratou o Exército, muitas vezes em
situações de bastante perigo, e fez entrega de uma medalha da sua Companhia
para que conste no Museu da Associação.
José Rodrigues Gomes, a alma viva do Núcleo de Marinheiros,
que com José Guerreiro, Mário Afonso Gomes, Rui Mota e outros, fizeram e fazem
com que o grupo continue coeso, depois de ter passado já os seus 36 anos de
vida, lamentou que só passados 12 anos é que novamente Arganil foi escolhida
para mais este convívio, agregando motivos por que tal aconteceu, um deles a
falta de saúde. Citou os fundadores falecidos, Fernando Vasconcelos e Fernando
Loureiro, pois o seu exemplo serviu para impor forças para se chegar até aqui.
E em relação aos Núcleos presentes, deixou a nota de que, com eles, «existirá
sempre um elo grande e forte entre todos». José Gomes não esqueceu a
colaboração dada pela Câmara Municipal de Arganil e assim este encontro fosse
mais um êxito.
Após a visita à Cerâmica, cujo edifício, exterior e
interiormente, foi muito apreciado, como também foi apreciada a exposição «Por
quê», de autoria do médico arganilense Dr. José Augusto Coimbra, a comitiva
seguiu em direcção ao monumento, vivendo-se ali, como atrás referimos, momentos
grandes de saudade e de reflexão.
Concluídas estas duas visitas, os combatentes, os da Marinha
e do Exército (também os havia), dirigiram-se ao Parque de Campismo, onde o
Restaurante «Manjar dos Leitões», de Arganil, soube mais uma vez primar na
confecção, na fartura e no bem-servir.
A registar três notas
«O MARINHEIRO» NÃO FOI
ESQUECIDO – Nas
palavras que António Fonseca, de Salgueiral de Coja, proferiu em homenagem ao
«Marinheiro», referiu que foi por causa dele que foi para a Marinha, dadas as
palavras que o Fernando Vasconcelos lhe incutiu quando visitou sua mãe, no
Salgueiral, ao acabar de regressar da Índia. As suas palavras foram de tal
forma fortes, que dele fizerem o homem que é hoje. Com 16 anos abalou para
Lisboa e foi com grande orgulho quando recebeu a ordem para se apresentar na
Marinha e depois quando se apresentou, fardado, perante o saudoso Marinheiro.
HÁ 50 ANOS TINHAM
ENTRADO PARA A MARINHA – São dois arganilenses. Ambos entraram, há 50 anos, para a Armada, para
integrar a força especial de Fuzileiros. Fizeram várias missões no Ultramar.
Agora reformados, os Franciscos Vilhena Nogueira e Matias Alves, encontraram-se
neste convívio, pois há muitos anos que não se encontravam. Por que no domingo
faziam 50 anos que tinham entrado para a Marinha, o Núcleo de Marinheiros fez
questão em lhes oferecer um bolo e ser saboreado por todos, com champanhe.
O COMANDANTE QUE SABE
ESTAR… – O
comandante da GNR, 1.º sargento , geralmente está presente nestes convívios em
que a farda foi a principal protagonista. A sua maneira de ser, educada,
simples, própria de um autêntico GNR, que sabe falar, que sabe estar e
conviver, pois é este o sentido do emblema da corporação, «Pela Lei e pela
Grei», estar com o povo e não apenas passar coimas. E neste convívio o
comandante lá esteve, levando consigo a esposa e filhitas.
Como alguém reconheceu, é assim que deve ser um soldado da
GNR, dado com o povo e não sentir como exagerada, por vezes, a farda que
enverga.
ZÉ De VASCONCELOS
Sem comentários:
Enviar um comentário