quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O Combatente será sempre o Combatente!...

O que abaixo fica escrito reflecte o que foi a vida de um militar, iniciada por mim em Outubro de 1966, na Guarda, mas sobretudo dos que combateram na Guerra do Ultramar, quer fosse na busca de água para beber e cozinhar, mas nenhuma para tomar banho, como a foto ilustra em Muidumbe (Cabo Delgado - Mueda - Moçambique), isto em 1967, onde estive desde Setembro e Dezembro, passando depois para Montepuez, Tete (1968) e finalmente a Beira (1969), ano em que regressei à Metrópole.

Mas na actualidade, poucos acreditarão no que diz este pequeno texto, mas que é grande em termos solidários, de amizade, de camaradagem, de luta, de sofrimento, jamais virando a cara ao perigo, quando estava em jogo a defesa daquilo que na altura era nosso.

Ora leiam então:

«Como Militar aprendi o que é a fome. Aprendi o que é o frio. Aprendi o que é a dor. Que um banho quente é um luxo! Descobri o que quanto valem 5 minutos de sono e que para dormir não preciso de um tecto nem de um travesseiro. Entendi que nada cai do Céu, a não ser a chuva... que todas as coisas têm um preço, o seu devido valor. Vi que os homens também choram. Aprendi, pratiquei e senti o que é a camaradagem, o que é a honra e o dever! E tu, sabes o significado de tudo isto?».

Hoje, passados 54 anos, ao ouvir o Hino Nacional tenho de chorar, porque quando nos deslocávamos para outra zona, como aconteceu em Mueda, não deixámos de ir ao cemitério e despedirmo-nos dos companheiros que tinham caído em combate, entoando o Hino Nacional, com todo o fulgor e... honra.

Fomos assim e continuaremos a ser, mesmo que haja certos versados a dizer o contrário.

E na carta que a Secretária de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes, está a enviar a todos os Combatentes, com as insígnias de Combatente, na parte final diz que «Termino asseverando que é um privilégio e uma honra agradecer e reconhecer, em nome de Portugal e dos Portugueses, os serviços por si prestados enquanto Combatente das Forças Armadas. Obrigada!».

Finalmente houve Consideração e Justiça, por quem tanto deu à Pátria, durante os dois anos ou mais que cada Combatente viveu.

JOSÉ VASCONCELOS

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