Combatentes de OLIVEIRA DO HOSPITAL e ARGANIL não esqueceram o 10 de Junho, Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, é uma data muito querida aos Combatentes Portugueses, porque a história seja vista de uma forma ou de outra, sempre foi um dia que o Combatente foi recordado, sobretudo quando eram condecorados pelos seus feitos, quer os que fizeram parte da I Grande Guerra, quer depois os que pisaram os sertões africanos, na considerada Guerra do Ultramar. Anos mais tarde, com a implantação do Monumento ao Combatente, em Belém, onde se encontram espelhados todos os que perderam a vida em defesa das possessões ultramarinas, entre as décadas 60 e 74, passou a ser um local anual onde os Combatentes, de todo o país se reúnem, em franco convívio.
Porém, devido à pandemia que grassa pelo país e pelo mundo, este ano as comemorações foram canceladas, mas, mesmo assim, alguns grupos de Combatentes não deixaram de o fazer no seu concelho, na sua terra.
Santuário de Nossa Senhora das Preces
Assim, os Combatentes do Concelho de Oliveira do Hospital e outros que quiseram participar, desde há 27 anos que se reúnem em Lisboa. Mas como as circunstâncias obrigaram a mudar de rumo, não deixaram de o fazer, escolhendo o Santuário de Nossa Senhora das Preces para o fazer.
Depois de Abel Gouveia, o mentor destes convívios e o presidente da Junta de Freguesia de Aldeia das Dez, Carlos Castanheira, terem logo pela manhã, içado as bandeiras no monumento dedicado aos Combatentes daquela freguesia que tombaram em defesa da Pátria em terras ultramarinas, e colocado uma palma de flores, seguiu-se a concentração de todos no Santuário de Nossa Senhora das Preces; e perante uma boa refeição, onde cada um teve espaço para cumprir com as regras que estão impostas, mesmo assim o convívio não deixou de ser salutar, onde a união e a solidariedade se mantém entre todos.
Abel Gouveia, nas suas palavras sentidas, depois de desejar que todos se sentissem bem em tão aprazível local como é o Santuário de Nossa Senhora das Preces, e sentindo o calor humano de todos, desejou que «este convívio tenha o brilho e que não deve ter fim». Espera que no ano que vem todos estejam reunidos de novo em Belém, junto ao monumento «para mais um convívio fraterno e de amizade». E desejou que todos, ao regressarem, «que levem na ideia de que valeu a pena terem participado neste convívio».
De facto, no regresso, todos sentiram que embora fosse a primeira vez que tal celebrar o 10 de Junho «fora de portas», valeu a pena mais esta prova de amizade entre os Combatentes e seus familiares.
Já agora, num placard ali patente, com fotografias dos anos que os Combatentes de Oliveira do Hospital se deslocaram a Lisboa, dá conta também dos que, há 27 anos, se deslocaram a Lisboa, em 1996:
Os irmãos Lencastre de Campos - Eng. António, Dr. Francisco e Dr. Manuel - Dr. Raul Caçador, António Madeira Cruz Madeira, Abel Gouveia, Zé Manuel, José Viegas, Lopes (da Extensão de Saúde), José Manuel Silva, Manuel Cruz Álvaro, Vasco (Vendas de Galizes), António (Ponte), Paulo Jorge Torres Gouveia, José Fragoso, Gabriel Silva Álvaro e José Manuel Torres Lourenço.
Santuário de Nossa Senhora do Mont'Alto
Por seu turno, a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil também não quis deixar passar em branco este dia. Para isso, alguns elementos dos corpos sociais e não só, conviveram na esplanada do Senhor da Ladeira - Santuário de Nossa Senhora do Mont'Alto - a santa que todos levaram no seu coração quando seguiam para a guerra e que muitos, ao regressarem, não deixaram de lhe agradecer a sua proteção, perante o seu manto protetor.
É sempre um convívio agradável, onde não falta a forte amizade, com recordações que marcam e marcarão para sempre a vida de cada um, a maior parte já com uma viagem longa, onde a idade vai pesando.
«Portugal esquece os seus Soldados»
Com este título, e aproveitando o momento, vimos há tempo publicado este texto, escrito por uma senhora numa das suas habituais crónicas num dos jornais deste país e que reza assim:
«Em Portugal recordamos pouco e temos uma dificuldade enorme em falar dos nossos Soldados mortos no Ultramar, ou que ainda hoje sofrem sequelas profundas daqueles combates. Quando não recordamos, não homenageamos aqueles que deram a vida pelo seu país, roubamos sentido à dor e traímo-las. Os Combatentes em África, por força de um volteface político, não tiveram direito a ser tratados como heróis. Fomos incapazes de distinguir a justeza da guerra (e há alguma que o seja?) com a generosidade de quem cumpriu o seu dever. E um país que não é capaz de recordar é, paradoxalmente, um país sem futuro».
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