- Início das festividades iniciou-se
em SECARIAS
O início da festa da celebração dos 9 anos da Associação de
Combatentes do Concelho de Arganil teve cunho importante, tanto mais que a
comunidade de Secarias celebrava também e festivamente, o seu patrono S.
Sebastião; e foi na missa, solenizada, e bem, pela Filarmónica Avoense, que o
celebrante padre-cónego Manuel Martins e também capelão da Associação, frisou
que estes convívios devem continuar, pois é através deles que as amizades mais
se arreigam e perduram e que ao menos um dia por ano se vão alimentando essas
amizades com novos amigos, com novas atitudes, sempre tendo em conta a
felicidade de uns e outros. Os mortos tanto da paróquia de Secarias, como
aqueles que morreram ao serviço da Pátria, e depois disso, oriundos do
concelho, foram recordados, com a devida oração.
Os muitos combatentes que participaram na missa, rumaram até
Arganil, onde os esperavam já os convidados e algumas das representações de
outras associações, como de Góis, Vila do Conde, Mortágua, Tondela, Mangualde,
Delegação de Coimbra dos Comandos, Deficientes de Viseu.
E foi Abel Fernandes, presidente da assembleia-geral da Associação
e porta-voz desta solenidade que abriu a sessão, no átrio da sede da
Associação, tendo como pano de fundo sinais que marcaram e marcam ainda os
tempos da Guerra Colonial. E realçou que «o que nos une é a amizade, estarmos
uns com os outros e recordar os momentos que passámos juntos».
Nas palavras que proferiu, o presidente da direcção, António
José Travassos de Vasconcelos, não esqueceu a força solidária que se vive no
âmago dos corpos sociais, «força que se espelha na união de todos, com o
sentimento de que o mais importante é trabalhar em equipa», e é por isso, como
afirmou, que «todos os dias se luta para que esta vontade não se desvaneça,
porque é com estes valores – união e solidariedade – que qualquer Associação
não morrerá». Deixou claro que, enquanto Combatente, «que serei até morrer»,
como asseverou, «esta equipa não morrerá», pois «será forte e “rastejará” como
o fizemos muitas vezes em clima de guerra e para o conseguirmos nada como
continuarmos assim: com união, amizade, formando uma Família… Combatente»,
dizendo ainda que «conto convosco para que esta casa continue a ser lembrada
como até aqui».
Como o presidente da Câmara Municipal de Arganil não pôde
estar presente nesta cerimónia (só esteve depois no almoço), estando
representado pelo seu vereador Prof. António Seco, o presidente da Associação
recordou, mesmo assim, o apoio que a autarquia tem dado, mas apelou para que
esse apoio continue, e porque «a Associação não dorme, conforme já foi
constatado», tem em vistas a instalação de um biblioteca com livros que vão ser
cedidos pela Direcção de História do Exército e por associados, e quem sabe se
a Câmara não poderá oferecer livros de escritores da Beira Serra. Além do mais,
como António Vasconcelos frisou, tem esperanças que no 10.º aniversário da
Associação já haja modificações, sobretudo no espaço onde todos se encontravam,
para «que esta Associação continue a merecer o elogio de todos aqueles que nos
têm visitado e têm sido já centenas». Por isso, e ao deixar a frase «esperamos
continuar a contar consigo, Sr. Presidente da Câmara, com o seu executivo e com
todos vós», deixou esta citação: «Não é possível modificar o que foi feito, nem
dá para apagar algo do que nos arrependemos e fingir que nunca aconteceu; mas
há a generosidade da vida que nos permite dormir hoje e acordar amanhã prontos
para evitar novos enganos ou repetir os velhos».
Depois da entrega de lembranças, João Gonçalves, presidente
da Associação de Deficientes das Forças Armadas, com sede em Viseu, que ao
longo dos tempos os Combatentes tenham sido esquecidos, deixou o desafio para
que a Associação leve até à escola «esta parte da nossa história» e trazer os
alunos até esta casa visitando-a e através de testemunhos na primeira pessoa,
absorvam o que na realidade foi o Combatente Português em terras de África.
Deixada esta sugestão, o presidente António Vasconcelos
informou que já tem tudo programado para que essa sugestão seja satisfeita,
porque já entrou em contacto com responsáveis das escolas, prometendo estes que
no início das aulas 2015-2016 esta iniciativa irá avançar.
Entre os convidados, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia
de Arganil, que ao mesmo tempo foi professor precisamente da maior parte dos
Combatentes ali presentes, afirmou que se na altura lhe puxou as orelhas, hoje
beijava-os em tempo que foi de ouro, pois honraram Portugal, a Península
Ibérica. Na altura presidente de Câmara sentiu a dor das famílias que receberam
a notícia da morte de filho, neto ou sobrinho, e algumas vezes se deslocou a
essas localidades, que citou, para apaziguar a dor que ia naqueles corações. Se
naquela altura a luta era pela defesa da Nação, hoje «temos que lutar pela paz,
pela liberdade, através de valores que vos ensinei e que se estão a perder».
Dizendo «que tenho aprendido muito com eles», não deixou de elogiar e de
engrandecer o papel que o Combatente José Carlos Ventura teve, dando os
primeiros passos para que a Associação fosse o que é hoje. Dizendo que se
orgulha da História de Portugal, que embora se vá modificando, «temos que a
respeitar e respeitar a opinião dos outros, seja no desporto, na política, na
vida quotidiana» e concluiu o professor: «Continuem a servir, mas com todas as
forças, dizendo não à guerra, mas sim à Paz».
José Carlos Trindade Ventura, depois de agradecer ao seu
professor a mensagem que ali deixou e dizer da pujança que a Associação no
momento possui, é um espaço que tem recebido centenas de combatentes de todo o
país, realizando na vila os seus convívios, e levam as melhores impressões como
são recebidos, prometendo voltar.
O presidente da Junta de Freguesia vincou bem esse espírito
de luta, de união solidariedade, de amizade que se vive naquela casa, fazendo
convívios todos os domingos, quando hoje as pessoas se isolam. João Travassos
não deixou de recordar um grande arganilense e autarca, que foi Ramiro Jorge,
que desde a primeira hora esteve com a Associação e prometeu continuar a
apoiá-la.
Também a Câmara Municipal estará disponível para continuar a
apoiar nas acções que a Associação venha a desenvolver, já que, como disse o
vereador Prof. António Seco, o «Presidente tem um carinho especial pela
Associação» e por isso essa convicção de amizade irá continuar. Referindo-se ao
papel da Associação e dos seus Combatentes, é uma história que nunca será
esquecida, pois «vocês são uma parte integrante da história de um povo, que na
linha da frente não só levaram a ideia de defender e lutar pela Nação, mas
levaram os bons costumes que tinham aprendido na escola, e sobretudo levaram e
arreigaram a língua lusa, que é a sexta mais falada no mundo e no hemisfério
sul, onde a maior parte andou, é a terceira língua mais falada. E depois de
tudo o que fizeram «vocês sentirão orgulho disso e os jovens deverão olhar-vos
com respeito e sentimento».
A visita ao Memorial é sempre um momento de muita nostalgia e
sentimento. Ali estão inscritos, em lápide, os militares do concelho que
tombaram ao serviço da Pátria em terras africanas, entre 1961 e 1974. E cada
nome que foi citado, o Presente! da ordem calou bem fundo no coração de cada
um, que assistiu também à colocação de ramos de flores, trazidos pelas várias
representações.
Depois, foi a subida ao Mont’Alto, onde, no respectivo salão,
no Senhor da Ladeira, foi servido o almoço a cerca de 120 convivas, pelo
Restaurante O Manjar.
Como esteva já presente o presidente da Câmara, este
aproveitou para explicar os motivos porque não pôde estar na sessão solene,
devido a ter tido em agenda três eventos à mesma hora, elogiando o Eng. Ricardo
Pereira Alves o papel que a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil
tem tido ao longo destes nove anos de existência, pelo seu desenvolvimento e
abrangência, sobretudo para lá das fronteiras arganilenses e por esse facto tem
elevado e relevado o nome de Arganil e do seu concelho. E trabalhando em
conjunto, para afirmar e valorizar uma marca da nossa terra, não deixou de
vincar os valores que defendem, que «são a nossa identidade, a nossa Pátria».
E a festa foi concluída com o corte do bolo de aniversário,
onde todos, com alegria, paz e fraternidade, cantaram parabéns e desejaram felicidades
à Associação.
José Travassos
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