sexta-feira, 5 de junho de 2015

Associação de Combatentes do Concelho de Arganil celebrou 9 anos de existência

- Início das festividades iniciou-se em SECARIAS
O início da festa da celebração dos 9 anos da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil teve cunho importante, tanto mais que a comunidade de Secarias celebrava também e festivamente, o seu patrono S. Sebastião; e foi na missa, solenizada, e bem, pela Filarmónica Avoense, que o celebrante padre-cónego Manuel Martins e também capelão da Associação, frisou que estes convívios devem continuar, pois é através deles que as amizades mais se arreigam e perduram e que ao menos um dia por ano se vão alimentando essas amizades com novos amigos, com novas atitudes, sempre tendo em conta a felicidade de uns e outros. Os mortos tanto da paróquia de Secarias, como aqueles que morreram ao serviço da Pátria, e depois disso, oriundos do concelho, foram recordados, com a devida oração.
Os muitos combatentes que participaram na missa, rumaram até Arganil, onde os esperavam já os convidados e algumas das representações de outras associações, como de Góis, Vila do Conde, Mortágua, Tondela, Mangualde, Delegação de Coimbra dos Comandos, Deficientes de Viseu.
E foi Abel Fernandes, presidente da assembleia-geral da Associação e porta-voz desta solenidade que abriu a sessão, no átrio da sede da Associação, tendo como pano de fundo sinais que marcaram e marcam ainda os tempos da Guerra Colonial. E realçou que «o que nos une é a amizade, estarmos uns com os outros e recordar os momentos que passámos juntos».
Nas palavras que proferiu, o presidente da direcção, António José Travassos de Vasconcelos, não esqueceu a força solidária que se vive no âmago dos corpos sociais, «força que se espelha na união de todos, com o sentimento de que o mais importante é trabalhar em equipa», e é por isso, como afirmou, que «todos os dias se luta para que esta vontade não se desvaneça, porque é com estes valores – união e solidariedade – que qualquer Associação não morrerá». Deixou claro que, enquanto Combatente, «que serei até morrer», como asseverou, «esta equipa não morrerá», pois «será forte e “rastejará” como o fizemos muitas vezes em clima de guerra e para o conseguirmos nada como continuarmos assim: com união, amizade, formando uma Família… Combatente», dizendo ainda que «conto convosco para que esta casa continue a ser lembrada como até aqui».
Como o presidente da Câmara Municipal de Arganil não pôde estar presente nesta cerimónia (só esteve depois no almoço), estando representado pelo seu vereador Prof. António Seco, o presidente da Associação recordou, mesmo assim, o apoio que a autarquia tem dado, mas apelou para que esse apoio continue, e porque «a Associação não dorme, conforme já foi constatado», tem em vistas a instalação de um biblioteca com livros que vão ser cedidos pela Direcção de História do Exército e por associados, e quem sabe se a Câmara não poderá oferecer livros de escritores da Beira Serra. Além do mais, como António Vasconcelos frisou, tem esperanças que no 10.º aniversário da Associação já haja modificações, sobretudo no espaço onde todos se encontravam, para «que esta Associação continue a merecer o elogio de todos aqueles que nos têm visitado e têm sido já centenas». Por isso, e ao deixar a frase «esperamos continuar a contar consigo, Sr. Presidente da Câmara, com o seu executivo e com todos vós», deixou esta citação: «Não é possível modificar o que foi feito, nem dá para apagar algo do que nos arrependemos e fingir que nunca aconteceu; mas há a generosidade da vida que nos permite dormir hoje e acordar amanhã prontos para evitar novos enganos ou repetir os velhos».
Depois da entrega de lembranças, João Gonçalves, presidente da Associação de Deficientes das Forças Armadas, com sede em Viseu, que ao longo dos tempos os Combatentes tenham sido esquecidos, deixou o desafio para que a Associação leve até à escola «esta parte da nossa história» e trazer os alunos até esta casa visitando-a e através de testemunhos na primeira pessoa, absorvam o que na realidade foi o Combatente Português em terras de África.


Deixada esta sugestão, o presidente António Vasconcelos informou que já tem tudo programado para que essa sugestão seja satisfeita, porque já entrou em contacto com responsáveis das escolas, prometendo estes que no início das aulas 2015-2016 esta iniciativa irá avançar.
Entre os convidados, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Arganil, que ao mesmo tempo foi professor precisamente da maior parte dos Combatentes ali presentes, afirmou que se na altura lhe puxou as orelhas, hoje beijava-os em tempo que foi de ouro, pois honraram Portugal, a Península Ibérica. Na altura presidente de Câmara sentiu a dor das famílias que receberam a notícia da morte de filho, neto ou sobrinho, e algumas vezes se deslocou a essas localidades, que citou, para apaziguar a dor que ia naqueles corações. Se naquela altura a luta era pela defesa da Nação, hoje «temos que lutar pela paz, pela liberdade, através de valores que vos ensinei e que se estão a perder». Dizendo «que tenho aprendido muito com eles», não deixou de elogiar e de engrandecer o papel que o Combatente José Carlos Ventura teve, dando os primeiros passos para que a Associação fosse o que é hoje. Dizendo que se orgulha da História de Portugal, que embora se vá modificando, «temos que a respeitar e respeitar a opinião dos outros, seja no desporto, na política, na vida quotidiana» e concluiu o professor: «Continuem a servir, mas com todas as forças, dizendo não à guerra, mas sim à Paz».

José Carlos Trindade Ventura, depois de agradecer ao seu professor a mensagem que ali deixou e dizer da pujança que a Associação no momento possui, é um espaço que tem recebido centenas de combatentes de todo o país, realizando na vila os seus convívios, e levam as melhores impressões como são recebidos, prometendo voltar.
O presidente da Junta de Freguesia vincou bem esse espírito de luta, de união solidariedade, de amizade que se vive naquela casa, fazendo convívios todos os domingos, quando hoje as pessoas se isolam. João Travassos não deixou de recordar um grande arganilense e autarca, que foi Ramiro Jorge, que desde a primeira hora esteve com a Associação e prometeu continuar a apoiá-la.

Também a Câmara Municipal estará disponível para continuar a apoiar nas acções que a Associação venha a desenvolver, já que, como disse o vereador Prof. António Seco, o «Presidente tem um carinho especial pela Associação» e por isso essa convicção de amizade irá continuar. Referindo-se ao papel da Associação e dos seus Combatentes, é uma história que nunca será esquecida, pois «vocês são uma parte integrante da história de um povo, que na linha da frente não só levaram a ideia de defender e lutar pela Nação, mas levaram os bons costumes que tinham aprendido na escola, e sobretudo levaram e arreigaram a língua lusa, que é a sexta mais falada no mundo e no hemisfério sul, onde a maior parte andou, é a terceira língua mais falada. E depois de tudo o que fizeram «vocês sentirão orgulho disso e os jovens deverão olhar-vos com respeito e sentimento».



A visita ao Memorial é sempre um momento de muita nostalgia e sentimento. Ali estão inscritos, em lápide, os militares do concelho que tombaram ao serviço da Pátria em terras africanas, entre 1961 e 1974. E cada nome que foi citado, o Presente! da ordem calou bem fundo no coração de cada um, que assistiu também à colocação de ramos de flores, trazidos pelas várias representações.




Depois, foi a subida ao Mont’Alto, onde, no respectivo salão, no Senhor da Ladeira, foi servido o almoço a cerca de 120 convivas, pelo Restaurante O Manjar.
Como esteva já presente o presidente da Câmara, este aproveitou para explicar os motivos porque não pôde estar na sessão solene, devido a ter tido em agenda três eventos à mesma hora, elogiando o Eng. Ricardo Pereira Alves o papel que a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil tem tido ao longo destes nove anos de existência, pelo seu desenvolvimento e abrangência, sobretudo para lá das fronteiras arganilenses e por esse facto tem elevado e relevado o nome de Arganil e do seu concelho. E trabalhando em conjunto, para afirmar e valorizar uma marca da nossa terra, não deixou de vincar os valores que defendem, que «são a nossa identidade, a nossa Pátria».
E a festa foi concluída com o corte do bolo de aniversário, onde todos, com alegria, paz e fraternidade, cantaram parabéns e desejaram felicidades à Associação.


José Travassos

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