Durante as Festas de S. João, no
Sarzedo, a Junta de Freguesia e a Associação de Combatentes do Concelho de
Arganil homenagearam postumamente mais um combatente, dali natural, falecido em
combate na Guiné, no início da década de 70. Chamava-se Amândio da Silva
Carvalho.
Foi uma homenagem dupla, porque
não só se homenageou o Comando Amândio, como os Combatentes em geral, dado que
também foi descerrada uma placa com esse sentido. E neste preito de gratidão,
estiveram presentes antigos Comandos (das Associações de Coimbra e Viseu),
familiares e muito povo.
Se os presidentes da Câmara
Municipal de Arganil, Eng. Ricardo Pereira Alves e da Junta de Freguesia do
Sarzedo, Fernando Ferreira Simões, relevaram o sentido da homenagem, com
palavras que evidenciam o que foi o papel do Combatentes em terras africanas, o
presidente da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil, António José
Travassos de Vasconcelos, afirmou a dada altura:
«Em primeiro lugar quero
agradecer ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia do Sarzedo o empenho que
sempre demostrou em relação à nossa Associação de Combatentes do Concelho de
Arganil em realizar esta homenagem ao Amândio e também a todos os Combatentes
do Ultramar. Foi sempre do interesse da nossa Associação, já das anteriores Direcções,
que este gesto de gratidão fosse concretizado. Como tal, calhou-me a mim, como
representante desta Associação, fazê-lo hoje aqui.
Porém, vamos continuar com a
mesma determinação, para que, onde houver camaradas que tombaram ao serviço de
Portugal, pertencentes a outras freguesias do nosso concelho, se pratique o
mesmo gesto.
O Amândio partiu há muito; mas
fica a memória e a saudade. A quem fica compete honrar e lembrar o homem, o
militar, o comando. Por isso estamos aqui hoje para o lembrar e nada melhor que
o seja na sua terra, desta maneira, a perpetuar-lhe o seu nome nesta singela
rua que, tenho a certeza, gostaria de passeá-la se hoje fosse vivo. Afinal,
esta foi a sua terra que tanto amava e o viu nascer.
Eu tive o privilégio de conhecer
o Amândio ainda na Guiné, mais propriamente em Bissau, quando estava em
trânsito por aquela cidade, junto de um grupo de amigos, alguns deles já
falecidos. Naquela altura perguntou-me o que fazia por ali, respondendo eu que
estava de passagem a fim de vir de férias à Metrópole. Ficou entusiasmado e
pediu-me, assim que chegasse a Arganil, visitasse os seus pais e lhe desse um
grande abraço por ele e que brevemente, lá para Março ou Abril, estávamos em
1973, viria de todo «para lhes dar aquele abraço». Não me esqueci; e assim que
cheguei cá estive nesta terra e na adega do «Ti Amândio» a conversarmos
animadamente.
De regresso à Guiné não pude
deixar de os visitar, a seu pedido, para me entregar uma encomenda, bebendo eu
mais uns copos e saboreando uns petiscos na sua adega».
Cheguei a Bissau e procurei o
nosso Amândio. Não o encontrei, imaginando que se encontrasse em operações,
segundo informações. Deixei a encomenda a pessoas de confiança e nossas
conhecidas, porque entretanto embarquei para o sul aonde estava sediado.
Mais tarde, passados poucos meses
deste acontecimento, por correspondência trocada entre pessoas amigas que o
Amândio tinha falecido, precisamente em Março ou Abri de 1973, quando devia
estar de regresso à nossa terra e foi este o recado que ele me pediu para
transmitir a seus pais, uns meses antes.
Caros amigos, o destino por vezes
é cruel e ele foi para o militar, para o Comando Amândio. Por isso, Sr.
Presidente da Junta de Freguesia, Fernando Simões, este filho do Sarzedo merece
esta homenagem. Aliás, todos os nossos mortos o merecem, e é desta maneira que
perpetuamos o seu nome, porque ele gostava da terra que o viu nascer.
Que descanse em paz. Até um dia.
Zé Vasconselos
Até na morte somos grandes. Graças a Deus que existimos e sabemos respeitar os Vivos e os Mortos.
ResponderEliminarMensagem escrita por : Victor Faria
Comando nr. 1629
Curso feito no C.I.C. Angola