A Associação de Combatentes do Concelho de Penacova foi
fundada há dois anos. O primeiro ano foi assinalado com a inauguração do
monumento implantado no coração de Penacova e este ano, ou seja no passado dia
1 de Dezembro, foram novamente recordados os mortos na chamada Guerra do
Ultramar, em cuja refrega morreram vinte penacovenses. Alguns não voltaram,
porque as suas famílias não tendo 10 contos para pagar a trasladação, por lá
ficaram sepultados, «em locais inóspitos e de difícil acesso, sem caixão, nem
honras de funeral, como se fossem animais», referiu o presidente da Associação,
Alfredo Fonseca, na altura da sua prelecção junto ao monumento, que
aproveitaria para citar os seus nomes, que cada um dos presentes exclamava
PRESENTE!... e no final foi recomendado um minuto de silêncio, respeitosamente
acatada a decisão.
Como continuaria o presidente, e perante camaradas combatentes e familiares, «é por todos estes, cujos nomes estão aqui imortalizados neste Memorial, que aqui nos encontramos para lhe garantir se são vítimas do esquecimento por quem tinha o dever de os lembrar e honrar (a Pátria Portuguesa), não seremos nós, pois é por eles que aqui estamos a expressar-lhe os nossos sentimentos e a pedir a Deus que os tenha em glória». De seguida chamou um a um pelos seus nomes: José Fernando Almeida Brito (Quintela – S. Pedro de Alva), Adelino Silva Costa (Monte Redondo – Figueira de Lorvão), Adosindo Carvalho de Brito (Boas-Eiras – Penacova), Albino da Silva Martins (Boas-Eiras – Penacova), António dos Santos Marques (Aveleira – Lorvão), António Ferreira (Coiço – Oliveira do Mondego), Arménio Oliveira Alves (Miro – Friúmes), Carlos Alberto Brás das Neves (Lufreu – S. Pedro de Alva), António Marques Pereira Fonseca (Rebordosa – Lorvão), Carlos Batista Alves (Vila Nova – Penacova), Fernando Marques Pinto (Vale do Tronco – Friúmes), Floriano da Silva (Lavradio – Oliveira do Mondego), Henrique dos Santos Cabral (Ponte – Penacova), José Lucas Barros de Carvalho (Rebordosa – Lorvão), Leonel Ferreira Rosas (Travanca do Mondego), Manuel Bernardes (Granja – Figueira de Lorvão), Manuel da Silva Vilas (S. Mamede – Lorvão), Manuel dos Santos Tomé (Lorvão), Mário Henriques Santos (Carregal – Friúmes) e Bento Lemos Esperança (Lorvão).
Depois desta primeira operação, de saudade, todos rumaram à Quinta da Nora, situada em Miro, onde foi realizada a assembleia-geral da Associação, presidida pelo seu titular, António Martins Coimbra, ladeado por Vítor de Jesus Lopes, António Ferreira Simões e Alfredo Fonseca.
Aprovadas que foram as previsões financeiras para 2014, que
dão um total de 3.330,00€, entre receita e despesa, foi anotado que a
Associação irá comprar uma bandeira, que custará 450€. A despesa com o
monumento cifrou-se em 3.540€, totalmente pago.
Em relação às actividades para 2014, há que manter uma forte
interligação com outras Associações dos concelhos vizinhos e promover, no
mínimo, dois convívios anuais, «a fim de promover e fortalecer a amizade entre
todos os combatentes e dar graças a Deus por estarmos vivos».
De seguida teve lugar o almoço de convívio, onde o presidente da direcção da Associação voltou a usar da palavra para, entre outras coisas, agradecer às autarquias que com a Associação têm colaborado, particularizando o papel da Câmara Municipal de Penacova e outras pessoas que trabalharam para a criação da Associação.
Um dos mentores da criação da Associação, António Martins
Coimbra, falou sobre as vicissitudes porque passaram, logo «os nossos
governantes e muito povo português depressa se esqueceram dos milhares de
militares que morreram no ex-Ultramar, assim como dos milhares de feridos,
viúvas e órfãos, espalhados por esse país fora». Referiu ainda «aqueles que
tanto sofreram, mas que com alguma sorte muitos regressaram da guerra, os
ex-combatentes que continuam a pagar um elevado preço psicológico por terem
vivido situações de extremo stresse durante a Guerra do Ultramar», numa guerra
que, «quando nos preparavam para ela, ninguém nos informava se a guerra era
justa ou injusta, a nação precisava de nós e como tantos outros jovens, eu
disse presente».
O Presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, um jovem
enquanto decorria a Guerra do Ultramar, e que a viveu através de seu pai ter
sido combatente, falou daqueles homens maduros a quem «a
minha geração muito deve a sua existência», que depois da guerra aquilo que se
tem, e apesar da crise, vivemos num país melhor do que das décadas de 60 e 70,
devendo-se este bem-estar também a essa geração que passou dois anos mais
lentamente do que agora. Foram homens, como disse, que deram o melhor de si à
Nação, como país, que as circunstâncias da altura assim o exigiram e que daqui
a 50 anos sejam melhores e que haja jovens como estes, que «há 40 ou mais anos
atrás tentaram fazer».
Nesta cerimónia estiveram presentes a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil, Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, com sede em Tondela e Delegação de Coimbra da Associação de Comandos.
ZÉ VASCONCELOS.
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