segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

De Sul a Norte de Moçambique passando pelo Centro do País

A Companhia 1054 («Nós ou Ninguém»)  vai diminuindo

Fez 48 anos no passado mês de Novembro (1966), que o Batalhão 1878, depois de Santa Margarida, zarpou de Lisboa com destino a Moçambique, com espírito de missão pátrio. Tendo como destino Zambézia, com alguns meses de permanência, o Batalhão seguiu para Nangololo, em pleno Vale dos Macondes. A sede ficou instalada na antiga missão, enquanto as Companhias 1052 ficava em Miteda e a 1504 se instalava em Miudumbe, no distrito de Cabo Delgado. Antes de regressar à Metrópole, no final de 1967, a Companhia foi aquartelar-se em Montepuez e em Fevereiro de 1968 saiu daqui em direcção a Porto Amélia e dali em paquete, disseram adeus a terras moçambicanas e chegaram quase um mês depois ao chão pátrio: Lisboa.

Após de 48 anos o toque a reunir foi em Coimbra
Se o Batalhão todos os anos tem reunido as suas tropas, nem todas, como é de calcular, porque alguns já não fazem parte dos vivos, a Companhia 1504 tem sido excepção, porque individualmente escolhe duas datas para se reunir todos os anos. Uma em Lisboa, e outra fora da capital, em local a designar.
Este ano, a organização destinou Coimbra como local de operações. Os que vieram da zona do Porto e Lisboa, de comboio, juntaram-se aos restantes da zona de Coimbra. E foi no passado dia 20 de Novembro passado, naquela linda cidade, tendo como palco a sede da Delegação da Liga dos Combatentes, na Rua da Sofia, que lhes foi servido o rancho, nada mau, por sinal, pois teve como prato leitão assado.
No meio da alegria entre uma vintena de rijos combatentes, não podia deixar de haver quem recordasse os tempos difíceis daquela altura; e o Arão, anotando alguns tópicos, recordou aqueles terríveis cinco dias loucos, de Mabo (Zambézia) a Muidumbe, sofrendo a coluna, logo à saída de Moeda, um ataque de abelhas e entre tantos outros ataques que sofremos, recordou a ida à água para os blocos… e aquele que, vindo de Moeda, onde foram abastecer-se, mesmo à entrada do quartel, escoltados por aviões, «fomos atacados e ficámos cercados pelo fogo» e por esse facto, o comandante pediu aos condutores para que nos salvássemos, pois cada viatura levava dois bidões de gasolina». Recordou também aquele dia de muita dor e sangue, sofrido com ataque de leões, em Agosto de 1967… Em termos de alimentação, recordou os pratos fortes da altura: arroz de salsicha e dobrada brasileira. Mas quando lá chegou peixe fresco e se estava a saboreá-lo com arroz… nisto começa a cair fruta da grossa (morteirada e rajadas de metralhadora)… Mas o episódio mais triste «foi quando o nosso comandante nos chamou para nos dizer que o nosso amigo Ernesto Garcia de Oliveira («O Bairro Alto») tinha morrido… e começou a chorar…». E todos, em sentido, com lágrimas nos olhos, recordaram-se os que já nos deixaram: Carneiro, Rodrigues, Cordeiro, Beja, Xeta, Dácio, Paço d’Arcos, Fidalgo (de Penalva de Alva), Mariano, Marrinho, Barreto, Dantas Batista (padeiro) e outros que não sabemos.
Desta Companhia, da região, fazia parte não só o Fidalgo, mas também o Manuel Tomé, de Amoreira (Pampilhosa da Serra), José Vasconcelos (Arganil) e de Coimbra, entre outros, o Pinto Ferreira. Também o Zé Rodrigues (o Cintra), que foi casado em Arganil, faz parte do grupo, bem como o Portugal, que casou no Barril de Alva.



No final do almoço, foi tirada a foto da família e com ela tocou a dispersar, pois todos tinham que seguir os seus destinos, já que o comboio não esperava. O abraço forte entre todos foi marcante, sem que uma lágrima, cada um, não tivesse vertido. Entretanto, foi recebido um telefonema do nosso comandante Jónatas, que não podendo estar presente, por motivos de saúde, em voz alta deixou palavras de muita amizade e de incentivo para que estes convívios jamais acabem, pois estará sempre, como no passado, com todos e para todos deixou um abraço de grande comandante que foi e que continua a ser considerado e estimado.




Ficou decidido que o convívio de 2014, fosse organizado em Arganil. E os organizadores indigitados vão fazer os possíveis para que esta união se mantenha e os verdes anos sejam recordados com intensidade, mas também com saudade… apesar de tudo. E tudo se irá conjugar para que esta Companhia venha assistir ao aniversário da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil, no Mês de Maria.

JOSÉ VASCONCELOS

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

N A T A L


A Associação de Combatentes do Concelho de Arganil deseja a todos os seus 
Associados, Familiares e Amigos um SANTO E FELIZ NATAL

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Associação de Combatentes do Concelho de Penacova

A Associação de Combatentes do Concelho de Penacova foi fundada há dois anos. O primeiro ano foi assinalado com a inauguração do monumento implantado no coração de Penacova e este ano, ou seja no passado dia 1 de Dezembro, foram novamente recordados os mortos na chamada Guerra do Ultramar, em cuja refrega morreram vinte penacovenses. Alguns não voltaram, porque as suas famílias não tendo 10 contos para pagar a trasladação, por lá ficaram sepultados, «em locais inóspitos e de difícil acesso, sem caixão, nem honras de funeral, como se fossem animais», referiu o presidente da Associação, Alfredo Fonseca, na altura da sua prelecção junto ao monumento, que aproveitaria para citar os seus nomes, que cada um dos presentes exclamava PRESENTE!... e no final foi recomendado um minuto de silêncio, respeitosamente acatada a decisão.


Como continuaria o presidente, e perante camaradas combatentes e familiares, «é por todos estes, cujos nomes estão aqui imortalizados neste Memorial, que aqui nos encontramos para lhe garantir se são vítimas do esquecimento por quem tinha o dever de os lembrar e honrar (a Pátria Portuguesa), não seremos nós, pois é por eles que aqui estamos a expressar-lhe os nossos sentimentos e a pedir a Deus que os tenha em glória». De seguida chamou um a um pelos seus nomes: José Fernando Almeida Brito (Quintela – S. Pedro de Alva), Adelino Silva Costa (Monte Redondo – Figueira de Lorvão), Adosindo Carvalho de Brito (Boas-Eiras – Penacova), Albino da Silva Martins (Boas-Eiras – Penacova), António dos Santos Marques (Aveleira – Lorvão), António Ferreira (Coiço – Oliveira do Mondego), Arménio Oliveira Alves (Miro – Friúmes), Carlos Alberto Brás das Neves (Lufreu – S. Pedro de Alva), António Marques Pereira Fonseca (Rebordosa – Lorvão), Carlos Batista Alves (Vila Nova – Penacova), Fernando Marques Pinto (Vale do Tronco – Friúmes), Floriano da Silva (Lavradio – Oliveira do Mondego), Henrique dos Santos Cabral (Ponte – Penacova), José Lucas Barros de Carvalho (Rebordosa – Lorvão), Leonel Ferreira Rosas (Travanca do Mondego), Manuel Bernardes (Granja – Figueira de Lorvão), Manuel da Silva Vilas (S. Mamede – Lorvão), Manuel dos Santos Tomé (Lorvão), Mário Henriques Santos (Carregal – Friúmes) e Bento Lemos Esperança (Lorvão).



Depois desta primeira operação, de saudade, todos rumaram à Quinta da Nora, situada em Miro, onde foi realizada a assembleia-geral da Associação, presidida pelo seu titular, António Martins Coimbra, ladeado por Vítor de Jesus Lopes, António Ferreira Simões e Alfredo Fonseca.
Aprovadas que foram as previsões financeiras para 2014, que dão um total de 3.330,00€, entre receita e despesa, foi anotado que a Associação irá comprar uma bandeira, que custará 450€. A despesa com o monumento cifrou-se em 3.540€, totalmente pago.
Em relação às actividades para 2014, há que manter uma forte interligação com outras Associações dos concelhos vizinhos e promover, no mínimo, dois convívios anuais, «a fim de promover e fortalecer a amizade entre todos os combatentes e dar graças a Deus por estarmos vivos».


De seguida teve lugar o almoço de convívio, onde o presidente da direcção da Associação voltou a usar da palavra para, entre outras coisas, agradecer às autarquias que com a Associação têm colaborado, particularizando o papel da Câmara Municipal de Penacova e outras pessoas que trabalharam para a criação da Associação.
Um dos mentores da criação da Associação, António Martins Coimbra, falou sobre as vicissitudes porque passaram, logo «os nossos governantes e muito povo português depressa se esqueceram dos milhares de militares que morreram no ex-Ultramar, assim como dos milhares de feridos, viúvas e órfãos, espalhados por esse país fora». Referiu ainda «aqueles que tanto sofreram, mas que com alguma sorte muitos regressaram da guerra, os ex-combatentes que continuam a pagar um elevado preço psicológico por terem vivido situações de extremo stresse durante a Guerra do Ultramar», numa guerra que, «quando nos preparavam para ela, ninguém nos informava se a guerra era justa ou injusta, a nação precisava de nós e como tantos outros jovens, eu disse presente».
O Presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, um jovem enquanto decorria a Guerra do Ultramar, e que a viveu através de seu pai ter sido combatente, falou daqueles homens maduros a quem «a minha geração muito deve a sua existência», que depois da guerra aquilo que se tem, e apesar da crise, vivemos num país melhor do que das décadas de 60 e 70, devendo-se este bem-estar também a essa geração que passou dois anos mais lentamente do que agora. Foram homens, como disse, que deram o melhor de si à Nação, como país, que as circunstâncias da altura assim o exigiram e que daqui a 50 anos sejam melhores e que haja jovens como estes, que «há 40 ou mais anos atrás tentaram fazer».


Nesta cerimónia estiveram presentes a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil, Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, com sede em Tondela e Delegação de Coimbra da Associação de Comandos.

ZÉ VASCONCELOS.